E sai um pensamento fresquinho...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Conversas da Consciência e da Razão

Razão: Já viste o estado em que ela está?

Consciência: Espero que não estejas a insinuar que a culpa é minha!

Razão: E de quem mais seria? Ela só dá ouvidos á tua voz!

Consciência: Às vezes gostava de perceber porque estás sempre em desacordo comigo. Não percebes que eu só quero que ela siga o que sente, que seja ela própria? Ela também te escuta, mas se te seguísse estaria na maior parte das vezes a ir contra a sua essência e a ser falsa com ela própria!

Razão: Mas provavelmente seria mais feliz…

Consciência: Duvido! Parece que não a conheces… Não ouves os pensamentos dela como eu? Não ouves as confusões que lhe assolam a mente? Ela sente-se tão confusa como nós. Mas nós temos de tentar mostrar-lhe que caminhos tem ela para seguir! Ela também te ouve, ao contrário do que tu pensas!

Razão: Não me acuses de ser insensível. Ao contrário do que toda a gente pensa a Razão também tem sentimentos, tenho é de ponderar até que ponto eles fazem bem ou mal. E não vês o quanto ela está a sofrer? Isso dói-me! Eu só quero o melhor para ela, e neste momento é não lhe perdoar, nem a ele nem aos que a magoam… Ela não pode continuar a deixar que a magoem! É egoísmo da parte dela, porque não se lembra de nós que também sofremos com as dores dela!

Consciência: Não sejas assim mazinha, ela já tem problemas que cheguem, se te ouve a dizer uma coisa dessas ainda se vai sentir mais culpada! Mas achas mesmo que ela não deve perdoar? Mas bem sabes como ela é, se não perdoar depois vai sentir-se culpada para o resto da vida se perder estas amizades!

Razão: Sinceramente acho que se a magoaram não são assim lá grandes amigos! Se calhar está na hora de ela dar uma peneirada na vida e ver quem realmente merece estar ao seu lado!

Consciência: Errar é humano, e não perdoar é ser inflexível. Lá porque ela vive em constante preocupação em não magoar ninguém, isso não lhe dá o direito de exigir o mesmo dos outros. E ela também tem os seus defeitos. Não estaria ela a achar-se melhor que os outros ao não lhes perdoar as falhas?

Razão: E não estará ela a dar de mão beijada novas oportunidades de a pisarem ao continuar a perdoar todos os que a magoam?

Consciência: Temos mesmo de chegar a um consenso ou nunca a poderemos ajudar neste caso. De nada nos serve continuar a questionar as dúvidas que lhe assombram as noites… Perdoar ou não perdoar, eis a questão?!?

Razão: E se fizermos assim: deixamos-la perdoar, mas só quando já não se sentir magoada! A dor que ela sente é enorme e tão cedo não irá passar. Talvez dure o tempo suficiente para que quem a magoou se arrependa do que lhe fez e mereça o seu perdão!

Consciência: És capaz de ter razão. Por mais que ela seja boazinha tem de se fortalecer, tem de mostrar o se ponto de vista e proteger-se um pouco mais. Isso não significa que ela vá contra o que sente e o que é. Afinal é mais que sabido que ouça ela que voz ouvir vai acabar por perdoar. Mas até lá talvez cresça, tal como cresceu com as outras dores e mágoas anteriores.

Razão: Mas até dá pena vê-la assim…

Consciência: Era bom se pudéssemos fazer mais do que mostrar-lhe que alternativas ela tem. Se pudesse soprava-lhe no coração toda a felicidade que qualquer ser humano merece!

Razão: Mas a vez dela há-de chegar. Esta foi só mais uma pedra que encontrou no seu caminho, um dia terá construído um lindo castelo tal como dizia o nosso amigo Pessoa.

E é assim que mais uma decisão se toma, com os prós de um lado e do outro os contra, com a razão e a consciência num diálogo repetido para milhares de outros problemas e em milhares de outras pessoas! E é assim que sei, quando sinto o diálogo no meu coração, que se aproxima a altura de tomar uma decisão… sempre com a esperança que seja a decisão acertada!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ola..
Sen dúvida este tipo de diálogo acontece com toda gente sobretudo quando se é o lesado. Penso que existe um lado racional e um emocional que fazem parte da consciência. Como não se possui o controlo total da consciência, por vezes é desejável ser-se racional, mas o lado emocinal é mais forte comandando as operações. O comando destas operações altera-se quando a consciência adquire a experiência necessária para tal.
Segundo o meu ponto de vista a felicidade deveria correr em torno do lado emocional, porém de acordo com a experiência adquirida, é necessário existir a partilha do comando entre a razão e a emoção para que a harmonia seja alcançada.

pedro l.